Nicolau e a máquina
"A própria máquina quanto mais se aperfeiçoa mais se apaga e desaparece atrás de sua função. Parece que todo o esforço industrial do homem, todos os cálculos, todas as noites de vigílias sobre as plantas, conduzem apenas à simplicidade, como se fosse necessária a experiência de várias gerações para libertar a curva de uma coluna, de uma quilha ou de uma fuselagem de avião até dar-lhe a pureza elementar da curva de um seio ou de um ombro".
(Terra dos Homens – Saint Exupéry)
Ontem, bêbado, chutei uma máquina de café. Ela engoliu meu dinheiro, e não cuspiu café. O guarda do metrô disse para não fazê-lo invertendo a lógica ludista, ou, nas palavras de minha mãe, criando o ludismo budista.
Outro dia, na casa dela, vi “2001, uma Odisséia no Espaço”. Achei por lá Terra dos Homens, de Saint Exupéry.
Encontrei Nicolau em Bariloche. Ele vindo de El Chaltén, e eu do Valle Encantado. Ele tinha a barba crescida, e o olhar assustadiço. Falava pouco. Eu falava muito, estava chegando, queria saber. Eles tinham passado por diversos problemas na escalada, que o Neto resumiu com uma “Película de terror”. Somado isso à pedra que quebrou o tornozelo de Nicolau, adiantando a volta ao Brasil, tem-se o susto e o olhar perdido.
Quando ouvi falar que uma das agulhas de El Chalten se chamava Saint Exupéry, fiquei com isso na cabeça. Quando criança estudara num colégio chamado Pequeno Príncipe. Também me marcaram os nomes de outras duas agulhas: Mermoz e Guillaumet. Mas curiosamente, mesmo querendo, nunca tentei descobrir o que significavam, ou como se escreviam.
Logo no começo de Terra dos Homens achei o nome Guillaumet. Não muito distante, achei Mermoz. Guillaumet e Mermoz, como Exupéry, foram pioneiros da aviação civil. Durante alguns anos fizeram o correio aéreo no sul da América Latina. Não preciso do Google.