Monday, February 18, 2008

Sem título

Várias ligações internacionais para o México encarecem as contas de telefone do Kremlin.

Era Stalin passando Trotski.

Tuesday, February 05, 2008

Mariana

Tenho vontade de dizer às palavras o quanto as amo, mas nunca acho as palavras certas.
Saem de mim e ficam soltas, como um bloco de carnaval que se perdeu na terça a noite, e não vai mais voltar. Tenho ciúmes confessos e expressos. Detesto as ver por aí entre vírgulas que não as merecem, ou frases–abrigo que as põem em desconforto, como um cobertor que deixa os pés de fora quando se cobre o pescoço. Se posso, acordo de madrugada e tento cobri-las. Fico vigiando seu sono tranqüilo, e volto a dormir com a impressão de missão cumprida. Há um axioma que diz que uma imagem vale mais do que mil palavras. Sonho roubar o imenso arquivo de imagens da empresa em que trabalho e trocar tudo por palavras. Viraria um fazendeiro rico. Por enquanto, cuido da minha pequena chácara. Cultivo minha cria, rego com a melhor água que posso, peço aos céus para que chova, e torço para que cresçam. Olho de esguelha para o dicionário, e sorrio contente: são rebeldes essas meninas. Imagine só: nem toda palavra que há no dicionário há no dicionário. Não há árvore no mundo que chegasse para um disparate desses. Borges e sua biblioteca que me desculpem. Palavra é palavra bonita. Adoro palavra que tem muitos ás. Gosto também das de hífen. Grão-de-bico. O tracinho lhes confere elegância. Mas voltando aos ás, é Mariana de quem gosto ultimamente. Tem três ás, e tanto pode ser Maria + Ana, como também algo que é próprio, ou originário de Maria. Pode ser ainda – vai no Houaiss que está lá – pode ser fruta-de-sabiá ou castanha-de-anta. É hífen que não acaba mais, é fruta, animal, é passarinho, é pau, é pedra é o fim do caminho. E a anta não espanta. Deve ser bonita essa planta.


M A R I A N A

Palavra que RI ,
que RIMA,
que MIA,

que AMA


que é MAR, que é AR

Meu par, meu amor, meu bebê, meu lugar.