Parada dos Burros
Capítulo 3
Quando o mascate turco chegou ao vilarejo, já em fins do século XIX, os livros já eram tratados como objetos sagrados pelos habitantes de Parada dos Burros. Foi necessária uma reunião com as pessoas mais velhas do local para que pudesse ser autorizado ao mascate se abrigar da chuva no estábulo dos livros.
Como se estava na estação das águas, não parou de chover durante um mês. No começo, uma delegação de habitantes se deslocava até o estábulo para saber notícia dos livros, mas na primeira semana, o mascate não olhou para eles. Ocupava-se em fazer contas e se lamentar do infortúnio de ficar sem trabalhar por causa da chuva.
Os livros, empilhados lado a lado, formavam um bloco compacto com a metade do volume do estábulo. Foi provavelmente num delírio noturno, olhando para aquela massa de papéis, que o turco teve a idéia. Gastou dias a passar goma arábica, que não conseguira vender, em cada um dos volumes. No fim de duas semanas, como num milagre, fez-se o sol.
O mascate saiu então com todos os livros para o descampado atrás do estábulo, e começou a empilhá-los, sempre colocando mais goma, agora entre eles. Em dois dias, havia erguido quatro paredes, por sobre as quais jogou folhas de sapê, abundantes na região.
Quando o mascate turco chegou ao vilarejo, já em fins do século XIX, os livros já eram tratados como objetos sagrados pelos habitantes de Parada dos Burros. Foi necessária uma reunião com as pessoas mais velhas do local para que pudesse ser autorizado ao mascate se abrigar da chuva no estábulo dos livros.
Como se estava na estação das águas, não parou de chover durante um mês. No começo, uma delegação de habitantes se deslocava até o estábulo para saber notícia dos livros, mas na primeira semana, o mascate não olhou para eles. Ocupava-se em fazer contas e se lamentar do infortúnio de ficar sem trabalhar por causa da chuva.
Os livros, empilhados lado a lado, formavam um bloco compacto com a metade do volume do estábulo. Foi provavelmente num delírio noturno, olhando para aquela massa de papéis, que o turco teve a idéia. Gastou dias a passar goma arábica, que não conseguira vender, em cada um dos volumes. No fim de duas semanas, como num milagre, fez-se o sol.
O mascate saiu então com todos os livros para o descampado atrás do estábulo, e começou a empilhá-los, sempre colocando mais goma, agora entre eles. Em dois dias, havia erguido quatro paredes, por sobre as quais jogou folhas de sapê, abundantes na região.
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