Saturday, December 30, 2006

Feliz 2007!

Abaixo, o último texto de 2006, año perro. Para quem leu e comentou, para quem leu e não comentou, e para que não leu e não comentou, um Feliz 2007!

Uma armação, um suporte de plástico do frango.

Estava tudo fechado no Cascatinha aquela hora. Faltou carne no churrasco improvisado, mas estava tudo fechado. Rafael foi à geladeria buscar cerveja e tentar uma solução. Quem sabe uma azeitona. Valia até queijo ralado puro. Colocou um punhado na mão e jogou na boca, ganhando um ralo cavanhaque branco. Do lado da garrafa de água, um pote de plástico emborcado sobre um prato. Dentro, um frango. Estranho, mas frango. Desfiaram. Sobrou um cabo arqueado, duro, de não mais do que quarenta centímetros. O frango foi para brasa, o cabo para o lixo.
-Deve ser um suporte de plástico, a armação do frango.
Dia seguinte, tudo limpo. Tio Alberto iria chegar de viagem.
Tio Alberto não sabe, mas depois que começou a viajar com mais frequência, com mais frequência se faziam festas, reuniões, ou pequenos churrascos.As vezes com cerveja e carne, as vezes com cachaça e lingüiça. As vezes com cachaça e cerveja e mais nada, as vezes com cachaça, cerveja, pouca carne, e um frango meio duro, que foi colocado na brasa.
Carro na garagem, Tio Alberto estava com sede.
- Puta que pariu, quem comeu o tatu que eu deixei guardado na geladeira!
Sorte que o que lixo já tinha sido posto na rua, ou iria ter surra de rabo de tatu aquele dia.

Tuesday, December 26, 2006

Trabalho da madrugada

Entusiasmado com sua maconha sem THC, Heath fez uma experiência: usando eletrodos em 800 carros e trailers, a fim de explanar mediante um exemplo empírico uma mentira maldosa, trouxe uma grande janela em círculo para o local. O povo partia para seu grande destino: a morte.

Aquela noite foi, também, uma festa. Pode parecer natural a um coletivo bem informado o castigo representar o festivo.

Não há crueldade. Foi um fato social e político. O fim do trabalho de 13 macacos transcendentais que há 200, 400 anos, haviam estacionado carroças e carrinhosde mão em torno da terra. Uma historia antiga, mediante a qual um homem é equivalente a uma sociedade.

Pedro David e Rodolfo Silva.

Thursday, December 14, 2006

É literatura, Fabinho!

No “Mãos de cavalo”, que Daniel Galera lançou este ano, Hermano, personagem principal, é amigo de um dos melhores escaladores do Brasil. Batizado como Renan pelo autor, entre seus feitos estão a cadena - a ascensão sem quedas- em número recorde de tentativas, da via Massa Crítica, uma das rotas da “Barrinha”, no Rio de Janeiro.

Como escalo há anos, contei a história para um amigo meu, também um dos melhores escaladores do Brasil, para mostrar como o Galera tinha conseguido se aproximar da realidade da escalada, citando técnicas, nomes, e até formando um certo arquétipo do escalador. Meu amigo ficou puto, dizendo que ele, e não o personagem do livro, havia batido o tal recorde. Expliquei-lhe que era ficção, não reportagem.

Ainda pensei em perguntar ao Galera, por e-mail, se ele havia se inspirado em algum escalador do Rio Grande do Sul, mas desisti depois de ver no blog dele uma reclamação sobre a mania de se procurar semelhanças entre personagens reais e fictícios, geralmente entre o autor e seu protagonista. Elas, as semelhanças, existem, mas nunca estão sozinhas. O amigo do Hermano pode ter todas as características de um escalador qualquer do Rio Grande do Sul, e ter o recorde do meu amigo.
Tudo isso para dizer que acho inútil preencher o perfil aí do lado.Eu estou espalhado em todos os contos abaixo.