Por Rafael Nogueira, para mim Cagibrino
De vez em quando, a gente tem dias ruins.
A cidade no inverno mostra o real significado das tais condições normais de temperatura e pressão, das aulas de química. Nada pode estar mais fabulosamente ameno; o sol não castiga a pele; a boca não seca como nos dias quentes. A cidade também não pode estar mais bonita, pois tira o manto úmido dos dias quentes. Talvez seja assim que acontece na ordem da natureza. No nosso verão, no hemisfério sul, as tardes passam como digestão de comida pesada. A parte de cima do mundo sofre com congelantes dias de pouca luz. No nosso inverno, há o equilíbrio: os ponteiros dos termômetros se acertam. Acho que os vinte e sete graus que tínhamos na manhã de ontem eram iguais aos de Genebra, talvez. Mesma aprazível sensação, tanto cá, quanto lá.Nesse formidável momento de equilíbrio, as pessoas deveriam ficar mais pacíficas. Não digo que deveriam se amar mais. Só respeitar o instante em que o sol bate no rosto e alucina mesmo através das pálpebras
Havia bandeiras pela cidade, tremulando. Algumas já rotas e embaraçadas. O sol também alucinava as superfícies dessas bandeiras.
Mesmo em agradáveis manhãs, às vezes o dia acaba sendo ruim. Um bom banho, chinelo e sofá, mas algo vai fazer o seu dia ruim; é possível até sentir. A gente segue com os planos, faz as coisas que ia fazer. Nesses dias, a gente vai enfurecer seu bom amigo, que não entende o desespero de quem está prestes a ter um dia ruim. Na verdade, ninguém vai entender seu pavor, e tudo caminha sem mudanças: seu dia já está sendo ruim. Tenta reparar mas todo esforço é inútil.
No fim, você não consegue da menina mais que um beijo; da consciência, uma lição de moral. Ninguém se importa se você não teve um dia muito feliz, nem mesmo a gente. Mas, de madrugada, a cidade vazia é bonita. Ela oferece à gente o silêncio. Perto de casa, pássaros fazem uma verdadeira sinfonia, com cantos que parecem barulhos de lasers, iguais aos que ouvimos nos filmes. Atentos, pode-se receber plenamente aquele som nos ouvidos. Talvez não fossem pássaros, fossem micos. Não sei. Não acho que haja micos nas árvores da minha rua. Ainda mais àquela hora da madrugada.
De qualquer modo, nem um dia ruim nem as bandeirolas e ruas enfeitadas têm alguma importância para aqueles pássaros, que provavelmente nunca se deram conta que as bandeiras alguma vez estiveram ali.
Mesmo assim, de manhã, há que se dizer, dá uma baita vontade de acordar sabendo que mais tarde tem jogo do Brasil.
A cidade no inverno mostra o real significado das tais condições normais de temperatura e pressão, das aulas de química. Nada pode estar mais fabulosamente ameno; o sol não castiga a pele; a boca não seca como nos dias quentes. A cidade também não pode estar mais bonita, pois tira o manto úmido dos dias quentes. Talvez seja assim que acontece na ordem da natureza. No nosso verão, no hemisfério sul, as tardes passam como digestão de comida pesada. A parte de cima do mundo sofre com congelantes dias de pouca luz. No nosso inverno, há o equilíbrio: os ponteiros dos termômetros se acertam. Acho que os vinte e sete graus que tínhamos na manhã de ontem eram iguais aos de Genebra, talvez. Mesma aprazível sensação, tanto cá, quanto lá.Nesse formidável momento de equilíbrio, as pessoas deveriam ficar mais pacíficas. Não digo que deveriam se amar mais. Só respeitar o instante em que o sol bate no rosto e alucina mesmo através das pálpebras
Havia bandeiras pela cidade, tremulando. Algumas já rotas e embaraçadas. O sol também alucinava as superfícies dessas bandeiras.
Mesmo em agradáveis manhãs, às vezes o dia acaba sendo ruim. Um bom banho, chinelo e sofá, mas algo vai fazer o seu dia ruim; é possível até sentir. A gente segue com os planos, faz as coisas que ia fazer. Nesses dias, a gente vai enfurecer seu bom amigo, que não entende o desespero de quem está prestes a ter um dia ruim. Na verdade, ninguém vai entender seu pavor, e tudo caminha sem mudanças: seu dia já está sendo ruim. Tenta reparar mas todo esforço é inútil.
No fim, você não consegue da menina mais que um beijo; da consciência, uma lição de moral. Ninguém se importa se você não teve um dia muito feliz, nem mesmo a gente. Mas, de madrugada, a cidade vazia é bonita. Ela oferece à gente o silêncio. Perto de casa, pássaros fazem uma verdadeira sinfonia, com cantos que parecem barulhos de lasers, iguais aos que ouvimos nos filmes. Atentos, pode-se receber plenamente aquele som nos ouvidos. Talvez não fossem pássaros, fossem micos. Não sei. Não acho que haja micos nas árvores da minha rua. Ainda mais àquela hora da madrugada.
De qualquer modo, nem um dia ruim nem as bandeirolas e ruas enfeitadas têm alguma importância para aqueles pássaros, que provavelmente nunca se deram conta que as bandeiras alguma vez estiveram ali.
Mesmo assim, de manhã, há que se dizer, dá uma baita vontade de acordar sabendo que mais tarde tem jogo do Brasil.
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