Violão Estrambaboio.
O Espantalho não é mais aquele, olha a cara dele, o Espantalho não é mais aquele, olha cara dele! Isso porque andei pensando: ando trabalhando muito com palavras. Aqui, textos que não sei de onde vem, nem para onde vão. Acolá, textos pra TV, textos pra faculdade. Tenho a certeza, com tudo isso, que ainda vou salpicar o mundo de palavras. Não acho improvável que um dia escreva um livro. Se vai ser bom, é outro papo. Mas duvido que faça uma coisa que fiz quando tinha uns quatro ou cinco anos, no máximo: inventei uma palavra. Posso até criar neologismos. Um radical daqui, um sufixo de lá, agora tirar uma palavra nova da cartola, acho difícil. Mas quando se é criança, a gente não está, a gente é, e em algum lugar eu achei “estrambaboio”.
Com uma colher grande à guisa de guitarra, apoiada sobre a barriga, eu cantava pela cozinha: “Violão estrambaboio, violão estrambaboio”.A pose, provavelmente, vinha da tentativa de imitar o Hebert Vianna que via na televisão. Já o estrambaboio, eu nunca soube, e ninguém jamais descobriu o que queria dizer. O fato é que o violão estrambaboio estava ali, na minha barriga, e eu, num arroubo de metalinguagem, cantava acompanhado dele: “Violão estrambaboio, violão estrambaboio”. De lá pra cá, as coisas só pioraram: aprendi a ler e escrever, estudei, e entrei pra faculdade. Fiz algumas coisas legais, mas nada que merecesse a importância do violão estrambaboio. Acho até que deveria usá-lo mais, principalmente nos momentos de tristeza, afinal, ele é algo que só eu tenho, ninguém mais. Por outro lado, tenho que evitar a tentação de buscar um significado para estrambaboio. Isso implicaria o uso de outras palavras para defini-lo, e palavras que andam por aí, nos dicionários, nos livros e nas placas.
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